sábado, 15 de março de 2014



Fernando Liguori


Muitas pessoas têm alguma ideia sobre Yoga nos tempos atuais. Esta ciência se tornou uma parte visível de nossa cultura diversificada que nós a encontramos sob uma forma ou outra. Existe a tendência popular do Yoga como exercício, como terapia médica alternativa e como um profundo caminho espiritual. Para colocar o Yoga em sua devida perspectiva, vamos examiná-lo sob uma nova forma, particularmente concernente a necessidade de aplicá-lo as necessidades individuais de cada praticante, seja lá a forma em que seja executado.

Yoga é um termo sânscrito que significa unir, coordenar ou energizar. Refere-se à integração apropriada do corpo, mente e espírito para expandir nosso potencial mais elevado na vida. O Yoga toma nossas capacidades ordinárias e as estende exponencialmente de maneira que nossa consciência seja desenvolvida para além de nossas limitações. O Yoga utiliza o corpo, suas secretas energias e inteligência superior para atingir os pináculos mais altos da evolução espiritual. É uma ciência que faz parte da busca milenar do homem pela cura, felicidade e iluminação que abrange todos os aspectos do ser humano e sua interação com o universo.

Aulas de Yoga estão disponíveis e são abundantes em muitas partes do globo. Não é algo novo ou da moda como foi há alguns anos. Encontramos inúmeras imagens de pessoas executando difíceis posturas ou sentadas com as pernas cruzadas em meditação nos vários veículos de mídia. Termos yogīs como mantra, guru ou śakti são usados em jornais e revistas. Em outras palavras, o que vemos é uma emulação da cultura yogī, seja na forma de perfeitos asanistas, grandes gurus, swāmis ou curandeiros mágicos.

Agora, o Yoga é muito mais que um sistema de exercícios físicos. Esta ciência possui um extraordinário potencial de cura tanto para o corpo quanto para a mente. Portanto, sua aplicação não está centrada somente nos desequilíbrios estruturais do corpo físico, como problemas nos ossos e nas articulações, mas também nas disfunções orgânicas, incluindo desordens no sistema hormonal e na imunização. Em adição – particularmente através dos métodos de meditação – o Yoga trata as desordens do sistema nervoso, tensões emocionais e dificuldades psicológicas de todos os tipos, do estresse a psicose.

Para propósitos de cura, o Yoga está intimamente associado a Āyurveda, a ciência da vida que muitas vezes é conhecida como medicina yogī. A Āyurveda utiliza dieta, ervas, trabalho corporal (kāya-sādhanā), prāṇa-nigraha, prāṇāyāma e meditação como parte de um sistema holístico de cura para o corpo, a mente e o espírito. Yoga e Āyurveda são ciências irmãs que cresceram juntas a partir das mesmas raízes na Índia antiga. Elas refletem uma aproximação dhármica da vida, o caminho para que todos os seres estejam em harmonia com o benefício das leis do universo. Portanto, como enfatizamos a cura através do Yoga, devemos voltar nossa atenção a Āyurveda também.

No Yoga que aqui apresentamos, a natureza individual do estudante é muito importante. As práticas não são fornecidas mecanicamente em massa, como em uma classe para muitos praticantes, mas ajustadas em concordância com o tipo constitutivo de cada indivíduo. Isso fica mais claro quando utilizamos o Yoga com finalidades terapêuticas. Um entendimento de nossa constituição individual, tanto física quanto psicologica, é essencial para cura de nós mesmos. Isso conecta o Yoga a Āyurveda, um retorno a raiz tradicional destas ciências a fim de se promover uma prática de Yoga em concordância com a tipologia mente-corpo de cada indivíduo.

Yoga para seu tipo: a energética ayurvédica da saúde

Seja lá qual for a dieta, o programa de āsanas ou mesmo a meditação, a questão é: qual é a prática correta para nossa constituição individual? Como podemos identificar nossas reais necessidades em termos diários? Nós reconhecemos que cada indivíduo é único. A comida que é boa para uma pessoa, mesmo que saudável, pode não ser boa para outra pessoa. Ervas e exercícios requerem uma orientação individual que não seja a mesma para todas as pessoas. Até mesmo a meditação, para ser realmente efetiva, requer algum ajuste individual. Nós possuímos diferentes capacidades físicas, mentais e espirituais que requerem uma orientação pessoal apropriada para se desenvolver. Precisamos saber o que vai funcionar para nós. Qual é nosso tipo constitutivo e qual caminho no Yoga que está em concordância com nossa natureza essencial. Na prática, quais são os āsanas e prāṇāyāmas que devemos praticar. Qual a técnica de meditação adequada ao meu tipo constitutivo. Enfim, quais são as melhores práticas para nós.

Naturalmente, isso tudo depende da tipologia que utilizamos para descrever nós mesmos. O Yoga e a Āyurveda demonstram a tipologia mente-corpo de acordo com as energias e elementos que estão presentes em nós: os três doṣas (vāta, pitta e kapha) e os três guṇas ou qualidades da mente (sattva, rajas e tamas).


No processo ideal de cura, nós precisamos de um diagnóstico e plano de tratamento direcionado as nossas necessidades específicas, não uma prescrição geral e padronizada. Esta é a importância da Āyurveda, que se apoia sobre modelos constitutivos precisos para o bem-estar do indivíduo. Ela prescreve planos individuais de tratamentos e regras para um estilo de vida que abrange todos os aspectos de nosso comportamento. Através da Āyurveda nós ganhamos entendimento apropriado de nossa natureza para que a prática de Yoga seja relevante para quem verdadeiramente somos e para nossa condição particular na hora da prática.

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