sábado, 14 de junho de 2014



Fernando Liguori


Estudos sobre as técnicas de Yoga ensinadas por Mahāṛṣi Gheraṇḍa ao seu aluno, o rei Caṇḍakāpāli na Gheraṇḍa-saṃhitā. Grupo de Estudos Kaula, 2014. Texto editado para internet a partir da apostila do Workshop Pañca Dhārana: As Cinco Concentrações de Gheraṇḍa, Instituto Kaula, 2014.


No terceiro capítulo da Gheraṇḍa-saṃhitā, Mahāṛṣi Gheraṇḍa introduz a Caṇḍakāpāli, seu discípulo, conhecimento acerca das mudrās e dos bandhas. Sua intenção era, com estes ensinamentos, capacitá-lo a estabilizar sua mente. No haṭha-yoga, mudrās e bandhas são mais importantes que āsanas e tão quanto os prāṇāyāmas. As mudrās têm uma influência direta no prāṇamaya-kośa e manomaya-kośa. No corpo, as sensações originadas do sistema nervoso provocam mudanças diversas na estrutura da mente; na estrutura prânica, provocam flutuações na produção de energia. Portanto, essas duas estruturas experimentam atividade e dissipação.

De um ponto de vista bem grosseiro, mudrā é um termo que significa gesto, determinado estado de espírito ou sensação da consciência. As mudrās descritas nas escrituras do Yoga são manifestações de determinados estados de espírito ou sensações da consciência «citta» e níveis de energia «prāṇa». Por exemplo, na dança indiana, diferentes mudrās ou gestos são utilizados para representar um sentimento ou humor. A raiva é retratada através dos olhos, posição das mãos e postura corporal. Quando se pratica uma mudrā por um longo período de tempo, uma sensação é experimentada. O mesmo tipo de sensação representada pela mudrā é criada no corpo e na mente. Isso acontece no dia-a-dia também. Uma pessoa furiosa levanta as sobrancelhas, tenciona as mãos e cerra os punhos. Mesmo que uma pessoa não esteja com raiva, se ela adota essa atitude física ou gesto, a sensação gradativamente irá se manifestar. Seja qual for a atitude física adotada, ela promove um tipo particular de sensação no sistema nervoso, o que cria mudanças nas ondas cerebrais. Essas mudanças nas ondas cerebrais influenciam o nível de consciência e por algum tempo aquela sensação é experimentada dentro da mente.

As mudrās e os bandhas descritos nas escrituras do Yoga têm a finalidade de aquietar e controlar as sensações e estímulos do sistema nervoso. Mudrās como aświni, vajrolī e tadagi influenciam o prāṇamaya-kośa e são utilizadas para mudar o fluxo do prāṇa. Sua influência se estende a mente, auxiliando no despertar das sensações em citta responsáveis por introverter e interiorizar a energia mental. Portanto, sem dúvida alguma, são técnicas que auxiliam no unidirecionamento da mente ou dhāraṇā, concentração. Por outro lado, os bandhas são fechos ou travas, bloqueios físicos e psíquicos. Os bandhas são mudrās que exercem funções de travamento. Eles desfazem as sensações criadas no sistema nervoso e mente, despertando outro tipo de sensações. Qualquer processo de contração ou expansão sobre os órgãos internos, seja na região do pescoço, abdômen ou períneo, muda as respostas e a quantidade de energia nestes órgãos. Isso estimula o corpo a entrar em um estado mais pacífico, resultando na experiência da estabilidade interior.

Para que possamos experimentar algum tipo de realização interior é necessário que consigamos permanecer inalterados aos acontecimentos do exterior. O objetivo principal das mudrās e dos bandhas é promover um estado de introversão tão profundo onde a mente não se abala com as emoções ou eventos da vida. Nesse profundo estado de introversão é possível se concentrar em uma oração ou na meditação, mantendo a mente unidirecionada, sem a intromissão de sentimentos negativos ou reações. Portanto, o conhecimento das mudrās e suas técnicas sempre foram materiais de estudo e prática secretos, conhecidos por poucos sādhakas.

Ainda no terceiro capítulo, Gheraṇḍa introduz a Caṇḍakāpāli o conceito de dhāraṇā. Ao que parece, o sábio se inspirou em Patañjali, Gorakṣa e nos ensinamentos das Upaniṣads do Yoga para formular suas técnicas de concentração. Aqui, as técnicas de dhāraṇā são compreendidas como mudrās que exercem funções específicas de travamento foco. Para Patañjali, dhāraṇā significa manter a mente em um ponto. Ele diz no Yogasūtra, III:1: deśāndhaścittasya dhāraṇā,[1] i.e. «A concentração é a fixação da mente em um ponto». Dhāraṇā deriva da raiz dhri, que significa «fundação» ou «base». Assim, o objeto ou conceito sob o qual a mente está firmemente fixada é a definição de dhāraṇā. Gorakṣa define dhāraṇā como a fixação da mente «citta» no prāṇa.[2] Na Gorakṣa-śatakam, verso 68, ele diz: hṛdaye pañca-bhūtānāṃ dhāraṇāṃ ca pṛthak pṛthak, manaso niścalatvena dhāraṇā ca vidhīyate,[3] ou seja, «Os dhāraṇās dos cinco bhūtas devem ser realizados nas distintas partes do corpo. Dhāraṇa é praticado para se estabilizar a mente.» Portanto, essas práticas estão inseridas no capítulo de mudrās porque despertam sensações no corpo, facilitando o processo de concentração.

Após a mente se separar dos sentidos, ela consegue se aprofundar. Ela pode criar seus próprios mundos enquanto os sentidos permanecem do lado de fora. Uma vez que o sādhaka seja capaz de criar essa diferença ou distinção entre a consciência dos sentidos e a mente, então ela é dirigida para os níveis profundos onde dhāraṇā tornar-se mais intenso. Dhāraṇā, entendido por nós como concentração da mente, é o aprofundamento da consciência mental. Na medida em que a consciência mental se aprofunda e a consciência sensorial se esvai, dhāraṇā acontece espontaneamente. Em contra partida, quando o sādhaka adquiriu proficiência e é capaz de manter sua mente focada, inicia então a identificação com o ser interior, o ātma. Gheraṇḍa confirma essa ideia ao ensinar a śāmbhavī-mudrā e introduzir o conceito de dhāraṇā nos ślokas 76-81 do terceiro capítulo da Gheraṇḍa-saṃhitā:

netrāntaram samālokya cātmārāmam nirīkṣayet;
sā bhavecchāmbhavīmudrā sarvatantreśugopitā.
vedaśāstrapurāṇāni sāmānyaganikā iva;
iyam tu śāmbhavīmudrā guptā kulavadhūriva.
sa eva hyādināthaśca sa ca nārāyanaḥ svayam;
sa ca brahmā sṛṣtikārī yo mudrām vetti śāmbhavīm.
satyam satyam punaḥ satyam satyamāha maheśvaraḥ;
śāmbhavīm yo vijānīyātsa ca brahma na cānyathā.
kathitā śāmbhavīmudrā śrinuṣva pañcadhāraṇāṃ;
dhāraṇāni samāsādya kim na siddhyati bhūtale.
anena nara dehena svargeśu gamanāgamaṃ;
manogatirbhavettasya khecaratvam na cānyathā.[4]

Fixando os olhos no interior, em um ponto entre as sobrancelhas, medite no ātman. Essa é a śāmbhavī-mudrā, zelosamente guardada em todos os tantras. Os vedas, os śāstras e os purāṇas são como mulheres públicas. Śāmbhavī-mudrā deve ser guardada como uma noiva. Quem conhece a śāmbhavī-mudrā é o próprio Ādinātha, Nārāyāna e Brahma, o criador. Maheśvara disse: em verdade, quem conhece a śāmbhavī-mudrā é Brahman e nada mais. Foi-te explicado a śāmbhavī-mudrā. Escuta agora sobre os cinco dhāraṇās, pois havendo dominado os dhāraṇās, não há nada que não se possa conseguir. Dominando dhāraṇā, pode-se ascender a svārga-loka enquanto se permanece nesse corpo, movendo-se rapidamente através do ar tão rápido quanto a mente. Desse modo, e de nenhum outro, se adquire essa habilidade.

Aos olhos de Gheraṇḍa, a śāmbhavī-mudrā é uma prática extraordinária. Sā bhavecchāmbhavīmudrā sarvatantreśugopitā vedaśāstrapurāṇāni sāmānyaganikā iva, ou seja, através do exemplo da noiva, tida como uma mulher de família cuidadosamente guardada e protegida em comparação a uma mulher comum, ordinária, o sábio diz que a śāmbhavī-mudrā é mais importante que os vedas, as purāṇas e os śāstras, escrituras comuns conhecidas por todos. Portanto, śāmbhavī-mudrā ocupa um lugar de destaque, sendo ensinada e praticada por poucos sādhakas apenas.

Na prática desta mudrā, o sādhaka medita no ātma-rūpi-īśvara, Deus na forma de alma ou espírito, unindo a alma individual com a trindade Brahma, Viṣṇu e Maheśa, se fundindo a trindade e tornando-se um com ela. Gheraṇḍa considera que o praticante de śāmbhavī-mudrā seja o próprio Maheśa «Śiva ou Śambhu», Viṣṇu «Nārāyāna» e Brahma, o criador do universo. Ele enfatiza: satyam satyam punaḥ satyam satyamāha maheśvaraḥ, ou seja, a pessoa que adquiriu proficiência em śāmbhavī-mudrā é verdadeiramente a encarnação do Senhor. Assim, a śāmbhavī-mudrā é um processo de união psíquica e prática meditativa que leva a iluminação.

Mahāṛṣi Gheraṇḍa recomenda que a prática dos pañca-dhāraṇā se inicie somente após o sādhaka ter adquirido certa proficiência em śāmbhavī-mudrā, o que leva um longo período de tempo. Ele diz: kathitā śāmbhavīmudrā śrinuṣva pañcadhāraṇāṃ dhāraṇāni samāsādya kim na siddhyati bhūtale. E o que não é possível? Através do pañca-dhāraṇā é possível adquirir a energia dos cinco elementos da natureza: terra, água, fogo, ar e éter. A manipulação dos cinco elementos da natureza é a culminação do pañca-dhāraṇā. O adepto pode subir aos céus «svārga-loka» e retornar enquanto habita seu corpo físico. Ele adquire a habilidade de dirigir sua consciência a qualquer lugar no tempo e espaço.

Por que Gheraṇḍa recomenda que a prática dos pañca-dhāraṇā se inicie somente após o sādhaka ter adquirido certa proficiência em śāmbhavī-mudrā? Ele não diz, mas podemos inferir seu real objetivo a partir dos ensinamentos de Rāmanātha, mais popularmente conhecido pelo seu nome laico, Śrī Svātmārāma Yogīndra, na Haṭha-pradīpikā «IV:36-7», onde ele descreve a śāmbhavī-mudrā:

antarlakṣyaṁ bahirdṛṣṭirnimeṣonmeṣa varjitā;
eṣā sā śāmbhavimudrā veda śāstreṣu gopitā.
antarlakṣya vilīna citta pavano yogī yadā vartate dṛṣṭyā niścala tārayā bahiradhaḥ paśyannapaśyannapi;
mudreyaṁ khalu śāmbhavī bhavati sā labdhā prasādādguroḥ śūnyāśūnya vilakṣaṇaṁ sphurati tattattvaṁ padaṁ śāmbhavam.[5]

Concentre num sinal interno e fixe, sem piscar os olhos, num objeto externo. Isto é a śāmbhavī-mudrā, que é mantida secreta pelos vedas e śāstras. O yogī permanece com citta e o ar absorvidos em um sinal interno, enquanto, sem enxergar, olha imóvel o brilho radiante externo. Isto é a mudrā do lugar de śāmbhavī, obtida através do guru puro nos distintos estados de śūnyāśūnya, que é o verdadeiro caminho para Śambhu.

Assim, a prática da śāmbhavī-mudrā direciona o foco da consciência para o divino. Enquanto descreve a śāmbhavī-mudrā, Gheraṇḍa diz que o praticante se torna o próprio Śiva, se torna Nārāyāna, se torna Brahma. Temos de considerar também que śāmbhavī é um dos nomes de Pārvatī, consorte e discípula de Śiva. De acordo com a história, apenas o processo cognitivo é observado em Pārvatī e embora ela tenha muitos nascimentos, sempre está ao lado de Śiva. O mesmo ocorre quando ela nasce como Sātī. Pārvatī expressou, na ocasião de seu tapasya «austeridades», que não seria derrotada, que não cairia de joelhos, mesmo que tivesse de nascer inúmeras vezes. A todo o momento, sua vontade era atingir o estado de Śiva. Portanto, o propósito das técnicas de dhāraṇā na Gheraṇḍa-saṃhitā é despertar os cinco elementos através do unidirecionamento da mente em um elemento por vez, levando a experiência completa daquele elemento. A śāmbhavī-mudrā proporciona as condições internas necessárias que dão suporte a prática dos dhāraṇās. Trata-se de um centramento especial que provê condições para que o dhāraṇā ocorra. Essas práticas compreendem também um cakra-sādhanā, do mūlādhāra ao viśuddhi.

A conexão com as Upaniṣads do Yoga

Embora pareça que o sábio Gheraṇḍa tenha se baseado em Patañjali e Gorakṣa para formular o pañca-dhāraṇā descrito na Gheraṇḍa-saṃhitā, a maneira como expõe o processo é muito similar as técnicas de dhāraṇā apresentadas nas Upaniṣads do Yoga. Essas escrituras descrevem inúmeros métodos e níveis de prática conhecidos como ākāśa-dhāraṇā. Conforme as upaniṣads, o conceito de dhāraṇā não é apenas fixar a mente em um ponto e mantê-la ali, mas ao contrário, é um processo muito complexo onde a mente é levada através de diferentes estados de experiência, seja externa, intermediária ou interna. Estes métodos utilizam diferentes técnicas de visualização executadas por meio do ākāśa ou espaço.

De acordo com a tradição védica, o ākāśa, espaço ou céu é o suporte mais efetivo para meditação. A expansão da mente ocorre automaticamente quando nos fixamos na imagem do céu. O oposto de expansão é contração, o que causa desconforto, mal-estar e desassossego. A vastidão etérica é fonte de energia e poder. Todo ímpeto para ação provem do vazio

Normalmente, a mente apresenta um borbulhar incessante de pensamentos, sensações e desejos, como a espuma na superfície das águas do mar. Nós podemos ver a espuma e as bolhas que surgem, mas não o mar em si mesmo, embora ele esteja ali. As bolhas e a espuma representam a consciência mental. Quando nos fixamos no espaço sem limites, a mente se torna consciente do mar, que representa a consciência infinita.

As Upaniṣads do Yoga descrevem três níveis distintos de dhāraṇā: 1. bahir-lakṣya «estágio externo»; 2. madhya-lakṣya «estágio intermediário»; 3. antar-lakṣya «estágio interno». As técnicas de dhāraṇā ensinadas nas upaniṣads estão de acordo com esses três níveis. Algumas práticas contêm todos os três níveis. Embora o escopo total delas seja muito amplo, as upaniṣads ensinam que cada nível deve ser aperfeiçoado antes que o sādhaka caminhe adiante. Ele deve executar uma prática de cada vez, começando da mais simples e aperfeiçoando cada uma antes de avançar ao próximo nível.

O pañca-dhāraṇā de Gheraṇḍa é considerado uma prática de nível intermediário, madhya-lakṣya. A palavra madhya significa intermediário, meio, mediano. A palavra lakṣya significa objetivo, intenção. Dhāraṇā é concentração. Portanto, este é o estágio intermediário da concentração. Nesse estágio um esforço é feito para fixar a mente na experiência do espaço. Por isso é dito que aqui começa a prática de ākāśa-dhāraṇā. No Yoga, três regiões do espaço são referidas dentro do corpo físico:

1.    cidākāśa: o espaço de citta ou a consciência experimentada na região da cabeça, entre o viśuddhi e o ājñā-cakra.
2.    hṛdayākāśa: o espaço do coração experienciado na região do peito, localizado entre o maṇipūra e o anāhata-cakra.
3.    daharākāśa: o espaço da região inferior, englobando o mūlādhāra, swādhisṭhāna e maṇipūra-cakras.

As técnicas de dhāraṇā que abundam nos livros sobre meditação estão distribuídas nesses três níveis, que são experimentados dentro do corpo. Especificamente, o pañca-dhāraṇa de Gheraṇḍa engloba esses três níveis, embora o escopo total da experiência possa estar inserida no daharākāśa-dhāraṇā.

Cidākāśa-dhāraṇā

Essa é uma técnica meditativa na qual a consciência do espaço no cidākāśa é construída de diferentes maneiras: vendo cores, formas e símbolos que se manifestam, criando e removendo imagens mentais e permitindo que imagens surjam espontaneamente. Na medida em que a mente se sutiliza, diferentes formas, figuras geométricas, yantras e maṇḍalas podem se manifestar. Eles representam o estado de percepção da mente. Às vezes nada além de escuridão total é visto. A fim de retirar água do poço é necessária uma corda longa. Se a água estiver a dez metros e a corda for de seis, não será possível pegar a água. Assim, embora às vezes não se possa ver nada na região do cidākāśa não significa que não exista nada. Sempre existe algum tipo de experiência em todos os níveis. Nenhum nível é desprovido de experiência. Contudo, deve ser compreendido que é a intensidade do esforço que irá determinar quão distante e quão profundo o sādhaka pode ir.

Hṛdayākāśa-dhāraṇā

É a concentração no espaço do coração, um processo védico de meditação envolvendo os três corpos de prajñā, tejas e vaiśvanara. Nesse processo, a luz é experienciada no coração. Existem inúmeras upaniṣads que descrevem e transmitem técnicas de hṛdayākāśa-dhāraṇā. Elas lidam com a intensidade das emoções e sentimentos, a criação de emoções, cores das emoções, a mudança de emoções e das dimensões por trás delas. Mas não são as emoções conscientes nas quais estamos envolvidos no dia-a-dia; são sentimentos subconscientes profundos, muito mais intensos. Essas emoções têm de ser experienciadas e revividas a fim de se quebrar o condicionamento da mente. O aspecto psicoterapêutico da meditação tem suas raízes no hṛdayākāśa-dhāraṇā.

Daharākāśa-dhāraṇā

É a concentração no espaço da região inferior do corpo, compreendendo técnicas mencionadas nas escrituras que tratam da kuṇḍalinī. Essas práticas envolvem a concentração em imagens específicas na região do mūlādhāra, swādhisṭhāna ou maṇipūra-cakras. Aqui, o sādhaka pode ver a flor de lótus, a cor, o símbolo, a deidade, o animal ou elemento relacionado ao cakra. Essa consciência detalhada dos cakras é daharākāśa-dhāraṇā.




[1] देशान्धश्चित्तस्य धारणा, YS, III:1.
[2] Veja Gorakṣa-śatakam, 67-69.
[3] हृदये पञ्च-भूतानां धारणां पृथक् पृथक्।
मनसो निश्चलत्वेन धारणा विधीयते॥, GŚ, 68.
[4] नेत्रान्तरम् समालोक्य चात्मारामम् निरीक्षयेत्।
सा भवेच्छाम्भवीमुद्रा सर्वतन्त्रेशुगोपिता॥
वेदशास्त्रपुराणानि सामान्यगनिका इव।
इयम् तु शाम्भवीमुद्रा गुप्ता कुलवधूरिव॥
एव ह्यादिनाथश्च नारायनः स्वयम्।
ब्रह्मा सृष्तिकारी यो मुद्राम् वेत्ति शाम्भवीम्॥
सत्यम् सत्यम् पुनः सत्यम् सत्यमाह महेश्वरः।
शाम्भवीम् यो विजानीयात्स ब्रह्म चान्यथा॥
कथिता शाम्भवीमुद्रा श्रिनुष्व पञ्चधारणां।
धारणानि समासाद्य किम् सिद्ध्यति भूतले॥
अनेन नर देहेन स्वर्गेशु गमनागमं।
मनोगतिर्भवेत्तस्य खेचरत्वम् चान्यथा॥, G.S. III:76-81.
[5] अन्तर्लक्ष्यं बहिर्दृष्टिर्निमेषोन्मेष वर्जिता।
एषा सा शाम्भविमुद्रा वेद शास्त्रेषु गोपिता॥
अन्तर्लक्ष्य विलीन चित्त पवनो योगी यदा वर्तते दृष्ट्या निश्चल तारया बहिरधः पश्यन्नपश्यन्नपि।
मुद्रेयं खलु शाम्भवी भवति सा लब्धा प्रसादाद्गुरोः शून्याशून्य विलक्षणं स्फुरति तत्तत्त्वं पदं शाम्भवम्॥, HYP IV:36-7.

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